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Dia Internacional da Mulher. Em expansão na preferência feminina, Engenharias conquistam duas gerações de mulheres no Sudoeste

  • 08/03
  • Geral
  • Jornalismo

A participação feminina tem aumentado em todas as áreas da sociedade. É verdade que em determinados segmentos o avanço tem sido maior, e até mesmo nas Engenharias, a presença das mulheres já não é mais uma exceção à regra. Na região sudoeste do Paraná, modalidades como Engenharia Civil e Agronomia já contam com percentuais mais altos de Engenheiras (veja o quadro abaixo), mas certos setores ainda são redutos dos homens, como as Engenharias de Materiais e Mecânica. Pois exatamente nessas áreas é que atuam duas pato-branquenses, mãe e filha. Maria Nalu Verona Gomes é Engenheira de Materiais, doutora em Engenharia Mecânica e atualmente professora do curso de Engenharia Mecânica da UTFPR - Câmpus Pato Branco; Laura Verona Gomes, Engenheira Mecânica, trabalha como Engenheira de Custos na fábrica da Renault, em São José dos Pinhais.

A família tem vocação para as Ciências Exatas. Angela Verona Gomes, filha de Maria Nalu, é arquiteta. E Silvana Verona, Engenheira de Materiais, e Viviane Verona Galera, Engenheira Ambiental, são irmãs de Nalu.

A explicação pode estar na matriarca da família, Ernestina Bet Verona. “Na nossa família, havia apenas um primo Engenheiro. Mas acho que a resposta pode ser genética. Contam que minha mãe era muito boa em Aritmética, a Matemática da época”, relata Nalu.

Formada em 1996 na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) – na terceira turma de Engenharia de Materiais a concluir a graduação no Estado, Nalu trabalhou na Whirlpool (multinacional que detém as marcas Brastemp e Consul), em São Paulo, e em empresas da região, como Fogões Petrycoski/Atlas e Aramart. Desde 2008 é docente da UTFPR - Câmpus Pato Branco, primeiro como professora substituta; foi aprovada em concurso no ano de 2010. Também é inspetora do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-PR), na Regional Pato Branco.

Curiosamente, antes de graduar-se em Engenharia de Materiais, Maria Nalu formou-se em Educação Física e em Matemática. “Quando concluí Educação Física, resolvi fazer o vestibular para Engenharia Civil. Mas, no dia anterior à inscrição, um amigo me falou sobre a Engenharia de Materiais. Conversei com o coordenador do curso e acabei me inscrevendo. Olhando para trás, ainda me encanto com a área.”

A Engenheira aponta o dinamismo como um dos diferenciais da profissão. “É uma área que avança muito. A quantidade de materiais aumentou exponencialmente desde que comecei. As outras Engenharias evoluíram com a pesquisa de materiais. A Medicina, a robótica e a indústria da comunicação também evoluíram com os materiais”, afirma.

De mãe para filha
Quando mais jovem, Laura Verona Gomes pensava em seguir a carreira no Jornalismo. Mas inscreveu-se também para Engenharia Mecânica e foi aprovada nos dois concursos. “Acabei optando pela Engenharia e me apaixonei já no primeiro semestre”, recorda Laura, que se graduou na UTFPR - Câmpus Pato Branco, em 2012.

A escolha pelas Ciências Exatas teve influência da família? “Talvez a influência tenha ocorrido porque minha mãe estudou Engenharia mais tarde, depois dos 30 anos. Eu via a dedicação dela, estudando noites e noites. Os filhos se espelham nos pais e eu tinha aptidão para Matemática”, reflete Laura.

A influência materna continuou durante a graduação. Laura teve a mãe como professora na disciplina de Materiais. “Ela me inspira bastante. Por ter vivência na indústria, procurava passar o que acontece na rotina de um Engenheiro. Falo que fui privilegiada, pois minha mãe passou experiências que eu só iria enxergar agora, cinco, seis anos depois”, constata Laura.

Mundo masculino
Desde 2014, a Engenheira Mecânica é contratada da montadora Renault. O ambiente com predominância masculina já vem dos tempos de universidade, em que era a única mulher da turma. “Meu círculo de amizades, desde a faculdade, é amplamente masculino. Aprendi a conviver com este mundo.”

Para Laura, a diferença entre mulheres e homens está no plano comportamental. “É um trabalho de muita pressão, e a mulher é mais sensível, enquanto o homem é mais agressivo ao demonstrar as emoções. Acaba parecendo que a mulher é fraca e o homem, por expressar raiva, é forte. Nas situações de estresse, a diferença de reação é bem nítida e muitos gestores não querem contratar mulheres por essas diferenças”, observa a Engenheira.

Na visão de Maria Nalu, a trajetória das mulheres nas Engenharias ainda demorará para ser modificada. “O mundo está mudando, mas será preciso aguardar até que as próximas gerações de mulheres cheguem às posições de decisão. Há alguns desafios a serem superados. Um deles é a remuneração igual para homens e mulheres. Ainda não é assim e estamos em desvantagem. A luta é por um mercado mais justo”, conclui a Engenheira de Materiais.

Participação feminina no Sudoeste
Levantamento da Regional Pato Branco do Crea-PR até 28 de fevereiro deste ano aponta que 17,3% dos profissionais registrados no sudoeste do Paraná são mulheres. As modalidades com maior presença feminina são a Engenharia Civil e a Agronomia. Dos 3.555 profissionais sudoestinos, 614 são mulheres: Agrimensura – 5; Agronomia – 193; Engenharia Civil – 314; Engenharia Elétrica – 20; Engenharia Mecânica e Metalúrgica – 14; Engenharia Química – 17; Engenharia de Segurança do Trabalho – 51. A presença de mulheres registradas na regional aumentou 20,7% do ano passada para cá, saindo de 487 para 614.

Crea-PR
O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR), autarquia que este  ano comemora 85 anos, é responsável pela regulamentação e fiscalização da atuação de profissionais e empresas das áreas da Engenharias, Agronomias e Geociências. Além de regulamentar e fiscalizar, o Crea-PR também promove ações de atualização e valorização profissional por meio de termos de fomentos disponibilizados via Editais de Chamamento.

Informações para a imprensa:
Antônio Menegatti
Pato Branco – PR
(46) 99912-9002
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